Caçula de quatro irmãs mulheres, Nina Pandolfo respira arte desde criança. Entre os quatro e cinco anos de idade já começou a fazer rabiscos e números com olhos grandes e marcantes. “Quando minhas irmãs queriam me ver quieta, elas me davam papel e lápis”, conta.
Aos 41 anos, Nina aproveitou uma tarde fresca de outono para nos falar um pouco mais sobre sua carreira como artista, que começou na adolescência enquanto cursava Comunicação Visual no colegial técnico. “Minha infância foi muito lúdica, criativa e tento resgatar isso. Pego inspiração na mulher apaixonada e na criança, que conseguem ver detalhes e romance em tudo”, comenta.
Seus primeiros trabalhos foram realizados em tela, mas não demorou para que ela descobrisse o grafite e a rua como suporte para suas pinturas – o que a tornou conhecida em todo o mundo. Seus desenhos são reconhecidos por serem figuras femininas, com olhos enormes, traços delicados, elementos românticos e muita cor. Enquanto produzia seu primeiro livro “Nina” (Editora Master Books – 2011), descobriu que essas características estão com ela desde pequena.
Nina revela que cada uma de suas personagens mulheres carrega um pouquinho da sua própria história, como se fossem uma espécie de autorretrato – e que seus desenhos foram amadurecendo com ela. “Coloco muito sentimento no que faço. Quando estou triste, não pinto, mas procuro contornar isso porque sempre existe algo bom na vida”, declara. Além disso, a artista confessa que fica apegada à suas obras e chega a ficar chateada quando não sabe onde algum de seus quadros vai parar.
Já seu segundo livro, “Por Trás das Cores” (Editora Master Books – 2016), surgiu para mostrar seu lado mais pessoal. “Queria que as pessoas se aproximassem de mim, vissem que sou de carne e osso”, afirma. Quem quiser saber um pouco mais da artista pode acompanhar as redes sociais dela, ou visitar o Museu de Arte Contemporânea (MAC USP), em São Paulo. Lá está exposto uma das maiores obras de Nina: um gato enorme, no qual a cantora americana Katy Perry se debruçou quando visitou a cidade, em março de 2018. “A obra foi inspirada no meu gato que ficava no meu ombro enquanto eu pintava”, diz.
Enquanto não está pintando em seu ateliê na capital paulista, Nina gosta de cozinhar comida caseira, ler e assistir filmes. “Quanto mais coisas você vê, mais informação tem para criar”, fala. A música também faz parte da vida dela, que gosta de ouvir canções clássicas enquanto cria novos projetos, como o pianista Ian Stewart.
Apaixonada por vestidos, Nina possui diversos livros de moda em seu estúdio. Detalhista, aproveitou seu casamento para inserir elementos presentes em seus quadros no vestido de noiva: borboletas e libélulas. “Apesar do meu lado ‘maloqueira’ de rua, sou muito romântica”, compara rindo. Mesmo com a brincadeira, arte para Nina é coisa séria: “uma coisa que não tenho medo é de refazer uma tela. Enquanto não está do jeito que eu gosto, apago e faço de novo”, ela reitera.
Para o futuro, Nina é bem enfática: quer continuar pintando. “Se minha mão não estiver firme para desenhar detalhes como fios de cabelo, quero fazer uma arte mais abstrata. Nasci com a arte e quero morrer com ela”, conclui.